Thursday, May 20, 2010

As Crises da Crise

A crise instalou-se na Europa e vivemos em tempo de instabilidade social, agravada em grande parte pela falta de carácter e rigor presentes nas medidas governamentais. Comecemos pelas últimas eleições em que o governo de José Sócrates foi reeleito conclusivamente por exclusão de partes. Apesar do voto de protesto que lhe retirou a maioria absoluta, a verdade é que não existia (ou nao existe?) alternativa ao actual primeiro-ministro, deixando os portugueses sem escolha e revelando a pouca credibilidade da política portuguesa.
Este governo contribuiu para o "salvamento" dos bancos à beira da falência, financiando um dos principais causadores desta crise. Os créditos e empréstimos eram incentivados e facilitados, enquanto o dinheiro virtual dos credores era usado em negócios bancários. Dinheiro esse que não foi restituído, resultando um enorme buraco financeiro.
Agora, resta-nos como herança o tão falado PEC, e os bancos defendem-se com taxas elevadíssimas deixando os portugueses com uma mão atrás das costas. Não deixa de ser irónico, ainda para mais quando alguns deles continuam a registar excelentes margens de lucro.
Mas não é só na crise financeira que estão os nossos problemas. Existe uma crise de solidariedade social, que, claro está, não tem como exemplo o nosso estimado governo. Pede-se um aperto de cinto, institui-se um aumento generalizado de impostos, mas depois não se cortam nas despesas públicas nem nas despesas do Estado. Desta forma, estas medidas não serão mais do que um penso na ferida, que depois de retirado voltará a sangrar. Não se justifica uma terceira ponte sobre o Tejo, a construção de um novo aeroporto ou mesmo o TGV, que apesar de potencialmente ser um bom investimento para o país, nos dias que correm é um risco e um autêntico tiro no escuro. Seria mais interessante incentivar os portugueses a investirem em negócios no seu país, facilitando o acesso e manutenção dos mesmos e acabando com burocracias supérfluas que retiram a motivação a qualquer um. Como é o caso flagrante dos chineses, livres de impostos nos primeiros 5 anos e que deixam os comerciantes nacionais ainda mais com a corda na garganta.
Apesar de estas medidas (PEC) serem inevitáveis, o nosso primeiro ministro revela um orgulho e teimosia, fiel aos seus grandes projectos que não abona em nada aos interesses do país.
Também é de realçar a crescente crise na justiça social. Rendimentos e subsídios foram distribuídos ao desbarato e agora estamos a pagar por isso. Creio que custa a todos saber que milhares de idosos que trabalharam e descontaram durante toda a sua vida, se encontrem agora com reformas miseráveis e em casas degradadas, enquanto outros que nunca contribuíram para a sociedade vivem de rendimentos, com casas oferecidas e que muitas vezes garantem mais rendimentos através de negócios ilícitos. Não será tempo de se tomarem medidas mais rígidas relativamente à fiscalização e penalização neste tipo de rendimentos? Quando uma pessoa trabalha, desconta e é demitida, muitas vezes marido e mulher dispensados das fábricas onde laboravam, merece com absoluta certeza o apoio e contribuição dos contribuintes. No entanto, existem casos em que seria aconselhado uma investigação ao historial de pessoas que usufruem de rendimentos sem nunca terem contribuído. É uma questão de justiça e nos tempos que correm, não há que preterir os que merecem pelos que não merecem. Além do mais, todos os que beneficiem de rendimentos sociais e que cometam crimes, deveriam ver essa regalia lhes ser retirada, pois é um ultraje e uma falta de respeito para com a sociedade que os financia.
Finalmente, não posso deixar de referir a crise que foge um pouco mais à responsabilidade do Estado, a crise de valores, referente a todos nós. Continua a imperar cada vez mais o "salve-se quem puder", e é de lamentar que os portugueses ao requisitar um serviço ou efectuar uma compra necessitem de andar sempre de pé atrás, pois à mínima distracção levam-lhe a mão ao bolso. A integridade está à venda em Portugal. A falta de transparência é patente a vários níveis, o significado de "negócio" é levado ao extremo e o consumidor é espremido, seja nas grandes ou pequenas empresas, privadas ou públicas. Vive-se num clima de desconfiança pelo próximo e a solidariedade social, tão pertinente nestas alturas, é deixada para segundo plano.
Enquanto isto, continuamos sob a alçada de um governo desorientado, que ora diz uma coisa ora diz outra. Que toma decisões a contra-relógio e que continua a demonstrar um enorme orgulho, sinónimo de irresponsabilidade, contrário de liderança. E o povo vai pagando como pode.

Saturday, May 15, 2010

Solidariedade de LUXO


O cantor Kanye West participou recentemente numa campanha de solidariedade pelo Haiti, na qual contribuiu com a voz e a sua imagem na produção de um videoclip da música "We Are The World" popularizada pelo artista Michael Jackson.
Nas imagens podemos ver a "estrela solidária" contribuir para para uma maior (des)igualdade no mundo enquanto usa uma camisa com o valor de cerca de 8 mil euros. (!?!?!??)
Fico muito satisfeito por verificar que as figuras públicas continuam a entregar-se a este tipo de iniciativas de forma tão dada e humilde, contribuindo (pouco ou nada) para um mundo melhor.