Sunday, December 30, 2007

Durante um cigarro

Hoje a noite está calma junto ao rio,
Vagueia sereno, reflecte apenas as luzes dos candeiros.
Alguém canta do outro lado, em tom desalinhado, frouxo.
Porém, é saudado por muitos que o esperavam
Efeitos do álcool…
Lá em baixo cardumes famintos espreitam à superfície,
Desejam-me boa noite e eu estou com eles.
O céu está limpo,
As nuvens adormeceram de trás das montanhas,
E as estrelas dão-se ao luxo de brilhar, vaidosas… Eu gosto!
Ao longe, o som de uma flauta insiste em fazer-se ouvir,
As notas perdidas, salteadas, unem se em busca de uma melodia.
Um pequeno cesto mantém-se pregado ao chão, vazio,
E o companheiro de estimação descansa ao relento,
Alheio à música embriagada.
Costuma-se dizer que quem canta seus males espanta,
Mas as pessoas não gostam de cantar.
Não querem,
Não sabem,
Ou têm vergonha,
Preferem refugiar-se no álcool.
Mas é precisamente quando se está bêbado que as verdades vêm ao de cima.
Então não há pensamentos,
Inibições,
Nem constrangimentos,
Nesses momentos… Todos querem cantar e todos cantam.

Todos cantam!

Tuesday, December 11, 2007

Boa noite e até amanhã.

Deu-me um aperto no coração.
As lágrimas correram para os olhos, agarradas por um fio.
A saudade bate sempre forte.
Sempre...


Friday, November 23, 2007

Ele (dis)pensa e eu também.

Existem mulheres que são uma beleza, mas quando abrem a boca, hum, que tristeza.
Não é o seu hálito que apodrece o ar, o problema é o que elas falam que não dá pra aguentar. Nada na cabeça, personalidade fraca, tem a feminilidade e a sensualidade de uma vaca. Produzidas com roupinhas da estação, que viram no anúncio da televisão.
Milhões de pessoas transitam pelas ruas, mas conhecemos facilmente esse tipo de peruas.
Bundinha empinada pra mostrar que é bonita e a cabeça parafinada pra ficar igual paquita.
Elas estão em toda parte desse Rio de Janeiro e às vezes me interrogo se elas estão no mundo inteiro.
À procura de carro, à procura de dinheiro, o lugar dessas cadelas era mesmo num puteiro. Quando só se preocupam em chamar a atenção, não pelas ideias, mas pelo burrão,
não pensam em nada, só querem badalar, está na moda tirar onda, beber e fumar.
Cadelinhas de boate ou ratinhas de praia, apenas os otários aturam a sua laia e enquanto o playboy te dá dinheiro e atenção, eu só saio com você se for pra ser o Ricardão.
Não eu não sou machista, exigente talvez, mas eu quero mulheres inteligentes, não vocês!
Vocês são o mais puro retrato da falsidade, desculpa amor mas eu prefiro mulher de verdade... Ai! Voce é medíocre e ainda sim orgulhosa, loira burra, e mole, não está com nada e está prosa.
O seu jeito forçado de falar é deprimente, já entendi seu problema, você está muito carente.
Mas eu só vou te usar, você não é nada pra mim. (...) Pra que dar atenção a quem não sabe conversar, pra falar sobre o tempo ou sobre como estava o mar.
Não, eu prefiro dormir, sai daqui, Ham! Eu já fui bem claro, mas vou repetir, e pra você me entender, vou ser até mais direto: Loira burra, você não passa de mulher objeto.
Capas da moda, vocês são todas iguais, cabelos, sorrisos e gestos artificiais,i déias banais, e como dizem os racionais: Mulheres vulgares, uma noite e nada mais.
Loira burra, você é vulgar sim, seus valores são deturpados, você é leviana. Ham! Pensa que está com tudo, mas se engana sua frágil cabecinha de porcelana.
A sua filosofia é ser bonita e gostosa, fora disso é uma sebosa, tapada e preconceituosa.
Seus lindos peitos não merecem respeito, marionetes alienadas, vocês não tem jeito.
Eu não sou agressivo, contundente talvez, o Pensador dá valor às mulheres, mas não vocês, vocês são o mais puro retrato da falsidade, desculpe amor mas eu prefiro mulher de verdade.
E, não se esqueça que o problema não está no cabelo, está na cabeça. Nem todas são sócias da farmácia.
Tem muita Loira burra de cabelo preto e castanho por ai. E, Loira burra morena, ruiva, preta, loira burra careca. Tem a Loira burra natural também, cada Loira burra é de um jeito,mas todas são iguais. Você está me entendendo. Preste atenção:Eu gosto é de mulher!
Será que o Sr. Gabriel teve que pensar muito para escrever isto? Não creio...

Sunday, November 11, 2007

Geração fantástica

Nascidos antes de 1986. De acordo com os reguladores e burocratas de hoje, todos nós que nascemos nos anos 60, 70 e princípios de 80, não devíamos ter sobrevivido até hoje, porque as nossas caminhas de bebé eram pintadas com cores bonitas, em tinta à base de chumbo que nós muitas vezes lambíamos e mordíamos. Não tínhamos frascos de medicamentos com tampas "à prova de crianças", ou fechos nos armários e podíamos brincar com as panelas. Quando andávamos de bicicleta, não usávamos capacetes. Quando éramos pequenos viajávamos em carros sem cintos e airbags, viajar à frente era um bónus. Bebíamos água da mangueira do jardim e não da garrafa e sabia bem. Comíamos batatas fritas, pão com manteiga e bebíamos gasosa com açúcar, mas nunca engordávamos porque estávamos sempre a brincar lá fora. Partilhávamos garrafas e copos com os amigos e nunca morremos disso. Passávamos horas a fazer carrinhos de rolamentos e depois andávamos a grande velocidade pelo monte abaixo, para só depois nos lembrarmos que esquecemos de montar uns travões. Depois de acabarmos num silvado aprendíamos. Saíamos de casa de manhã e brincávamos o dia todo, desde que estivéssemos em casa antes de escurecer. Estávamos incontactáveis e ninguém se importava com isso. Não tínhamos PlayStation, X Box. Nada de 40 canais de televisão, filmes de vídeo, home cinema, telemóveis, computadores, DVD, Chat na Internet. Tínhamos amigos - se os quiséssemos encontrar íamos á rua. Jogávamos ao elástico e à barra e a bola até doía! Caíamos das árvores, cortávamo-nos, e até partíamos ossos, mas sempre sem processos em tribunal. Havia lutas com punhos mas sem sermos processados. Batíamos ás portas de vizinhos e fugíamos e tínhamos mesmo medo de sermos apanhados. Íamos a pé para casa dos amigos. Acreditem ou não íamos a pé para a escola; Não esperávamos que a mamã ou o papá nos levassem. Criávamos jogos com paus e bolas. Se infringíssemos a lei era impensável os nossos pais nos safarem. Eles estavam do lado da lei. Esta geração produziu os melhores inventores e desenrascados de sempre. Os últimos 50 anos têm sido uma explosão de inovação e ideias novas. Tínhamos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade e aprendemos a lidar com tudo. És um deles? Parabéns!
"Autor desconhecido"

Tuesday, October 30, 2007

O que se passa com a minha ESE?

Como este cantinho é meu e já lá vai algum tempo que não reflicto sobre coisas "sérias", mesmo à distância há algo que me preocupa e em que penso todos os dias, (provavelmente mais do que alguns que lá estão o que me deixa ainda mais preocupado) e que me leva a fazer a seguinte questão:
O que se passa com a "minha" ESE?
Como aluno e ainda como elemento da actual AEESES, tenho algumas coisas a dizer sobre o que vi e senti quando lá estava e o que vou sabendo à distância.
Quando cheguei à ESE durante o 1º ano senti que tinha ganho algo como uma segunda família, "Uma turma belíssima, um curso fantástico... bla, bla, bla" todos ou quase todos se davam bem e o ambiente era de união e amizade. O tempo foi passando e hoje em dia, pela primeira vez na minha vida, conheço pessoas a quem simplesmente não falo e se fosse possível nunca mais lhes punha a vista em cima. Suponho que infelizmente faça parte da vida... Complicados estes animaizinhos de cérebro grande denominados de Humanos.
Mais tarde entrei na aventura de fazer parte de uma AE numa lista T de "amigos". Ainda hoje recordo esses amigos que ao longo do ano foram desistindo deste projecto, a que tão afincadamente se dedicaram durante as eleições e depois deixaram os outros agarrados.
Recordo a enorme falta de ética e respeito da lista adversária, bem como a hipócrisia de corredor com um olá e uma facada pelas costas.
Recordo também o dia em que fiquei sózinho a apanhar o lixo do dia seguinte à Festa da Primavera, porque nos tinhamos comprometido com o Conselho Directivo a deixar a escola exactamente como estava. Responsabilidade? Respeito? Parece que falta eléctricidade no cantinho do cérebro onde habitam estes dois pobres coitados valores.
Entre estas e outras, a AE na generalidade não funcionou. Seja pela falta de personalidade dos seus membros que sempre se importaram mais com o que os outros diziam, seja pelos críticos de fora que até nos chegaram a criticar por pintar a AE e principalmente pela falta de capacidade da maioria de saber destinguir responsabilidade de brincadeira.
Hoje a ESE passa por tempos díficeis, precisamos de responder à altura e... não temos capacidade. É díficil quando uma Faculdade tão pequena suporta tanta intriga e tanta mesquinhice, a AE não funciona e união não faz parte do vocabulário.
É díficil também quando os próprios professores se desrespeitam uns aos outros em sussurros com o colega do lado nas reuniões do Conselho Geral.
É muito mais díficil quando o caminho escolhido continua a ser o de manifestações tristes, com cartazes tristes, lutando contra não se sabe bem quem, com meia dúzia de gatos pingados gritando palavras de ordem com escolta polícial. Façam-se ouvir nos orgãos administrativos, denunciem, demostrem o vosso desagrado por dentro, na rua são apenas número.
Não sou nenhum salvador da pátria, nenhum jovem amargurado, nem tão pouco nenhum critico. Apenas me limito a fazer uma reflexão do que vivi, do que vi e do que espero não ver mais na ESE.
A todos os verdadeiros amigos que lá tenho, às instalações e jardins em redor a que nínguem dá valor e a todos os jantares e convívios que tantas boas memórias me fazem guardar. Um grande obrigado, com o desejo de que a ESE se faça respeitar, se não pelos seus dirigentes administrativos, pela união de todos os seus alunos.

Friday, October 26, 2007

Feiticeira Lua


Hoje está lua cheia, disfarçada pela negridão das nuvens que teimam em passear lentamente por um céu que entretanto esquecera as estrelas.

No pequeno ecrã passou Munich pela tarde. Vingar guerra com guerra, só atrai mais guerra e a paz quem a vinga? É a guerra santa dizem eles, dizem todos. Pois para mim, só o simples facto da união das letras G-U-E-R-R-A poder ter um significado, não tem nada de santo.

E passou...

O deleito que um cigarro provoca num banco de jardim, enquanto uma suave brisa agita a gola do casaco e as últimas formigas recolhem a suas casas. Um momento de solidão que tem tanto de prazer como de assustador.

As palavras saem fluídas, sem pensamentos, qual Fernando Pessoa com o seu copinho de água ardente como companheiro. O lápis deu lugar a uma grande quantidade de botões e os dedos movem-se quase que irracionalmente. Já não há essência, não há arte, apenas reflexão.

A lua, essa, observa impávida e serena. O único farol que ilumina a escuridão deste mundo passa despercebido. Ninguém a vê, ninguém a sente, ninguém a recorda. Mas ela está sempre lá, impávida, serena, brilhante...




Tuesday, October 09, 2007

Euskal Herria

Ès cerca daquí?
Tudo é perto, o céu cinzento disfarça a beleza da cidade
As ruas paralelas, perfeitas..
Tão simples e tão complexo que nos fazem perder.
As praças são espelho de flores
Nas rotundas podemos descançar, sentir o sol, imaginar os pensamentos,
Das fontes que lançam água e assistem ao desfile constante
De gente, de tanta gente..
Os jardins enfeitados com as folhas caídas de Outono,
Lançam a brisa que se torna cada vez mais fresca
Em todas as direcções. O relvado mostra verde e a mente sonha rosa.
As igrejas são rock, os teatros são pistas de dança...
Os montes suportam o "xirimiri" constante lançando-o como poeira
Pózinhos de sininho que engripam a alma.
Esta é a cidade que me faz andar quilómetros,
Que me leva a todo o lado, guiada pelo rio.
A cultura é arte e saber estar é conforto.
Tanto de mal tu tens que à noite me vejo a chamar por ti.
E não te vou esquecer...


Bilbao*

Thursday, September 20, 2007

Bilbao

E chegou a hora...
Muita expectativa, muita saudade.


Poucas palavras...





Até já*

Saturday, September 01, 2007

Que semana...

Aproxima-se a hora da partida e não podia deixar de dedicar um post a uma das poucas coisas que me podiam segurar aqui neste momento: os Charysma.
Foi uma semana agitada com horas de ensaio, gravações, uma passagem pela tv, várias deslocações e um concerto final que apesar de algumas falhas, (não somos profissionais e mesmo esses também erram) deixou no ar as ideias e a vontade que este grupo tem em mostrar as suas músicas. Só sei que curti buééé!!!
Foi uma semana que nos uniu e que me mostrou o que é o espírito de uma banda.

Por agora há uma pausa... Quando recomeçar-mos espero que seja em grande.
Posso estar a sonhar muito. Que assim seja... Se recordar é viver, sonhar é semear a expectativa e isso deixa me vivo.

Até já Charysma*

Saturday, August 25, 2007

What´s going on?

E eis que o jovem adolescente já não se reconhece, perdeu-se na idade talvez...
O Mundo gira mais devagar, o tempo passa sem trazer nada de novo.
O tempo está nublado. Até o sol transporta as nuvens.
Falta côr, falta magia, o entusiasmo característico ficou à beira da estrada.

E eis que o jovem adolescente procura ser o que é, sendo o que já foi...
Por enquanto o resultado não corresponde à receita.

Tuesday, July 24, 2007

Está na Hora

Está na hora de voltar a ser grande,
De lembrar a infância,
O sorriso de menino,
A inocência que se vai perdendo.
Não quero lembrar o passado,
Apenas sentir no presente,
Que sou o que já fui.
"Olha queres ouvir-me? Às vezes ainda sou o menino que adormeceu nos teus olhos."
E cresci...

Está na hora de voltar a ser pequeno,
Nas invejas,
Nas injustiças,
No sofrimento de um momento,
Que nem sequer cheguei a ter.

Não tenho tempo para abraçar o amigo,
Ouvir o que tem para dizer.
Abrir o coração,
Deixá-lo ir com o vento,
Que se torna incerto,
E me deixa á deriva.

Tenho tempo para sentir,
Tocar,
Cheirar,
Roubar um coração,
Que depois não quero.
Deito-o fora,
Para junto do meu.

Está na hora de guardar o que tenho,
Num cofre sem chave,
Para nunca mais o voltar a abrir.

O resto,
Fica para depois...

Tuesday, July 10, 2007

Quem disse aDeus?


- Caminhava lado a lado contigo pela praia, as ondas banhavam a margem suavemente, as gaivotas cantavam, o céu azul teimava em agarrar um sol brilhante, nossas pegadas ficavam cravadas na areia, dois trilhos de marcas de pés seguiam o mesmo caminho.

- Sim, eu lembro-me...

- De repente o cansaço apoderou-se de mim, o calor tornou-se insuportável, a areia escaldava, a água perdeu a vida, as gaivotas fugiram, o sol teimava em largar o fogo que me queimava as costas e as pegadas... já só vi as minhas. Porque me abandonaste?

- Amigo, eu não te abandonei. No momento em que mais precisaste levei-te ao colo.




Não interessa as marcas que deixamos visíveis aos outros. O verdadeiro amigo "marca" pela diferença.
Só eu preciso de saber*

Sunday, July 01, 2007

Tuesday, June 26, 2007

Olha, queres ouvir-me?

Tu és... o meu céu, o meu paraíso
A vontade de renascer
A marca impressa na capa do livro
O rascunho que quero ler

Vira a página e segue o desejo
As pégadas marcadas no chão
Enroladas pela onda na areia
Apagadas do coração

Eu quero mais, quero tudo
Uma noite não chega pra mim
Quero a estrela que faz girar o mundo
Uma história sem fim..


O resto fica em segredo até próxima actuação*

Tuesday, June 19, 2007

Preto no preto

Num verão que começa chuvoso, fica uma imagem que já fazia falta...











As palavras dizem tudo... e eu hoje não quero ver, quero sonhar!

Wednesday, May 02, 2007

"Lua sem mel"

Necessidade de escrever, exprimir, encantar quem quer ler, criar sensações através de simples palavras, letras unidas por um significado comum.
Hoje não escrevo!
Canto com frases de improviso o que vai cá dentro. É pouco...
Mas parece que chega e isso é que me chateia profundamente.
Quero descobrir novos mundos, novos caminhos, saber como hei de pensar.
Falta qualquer coisa... não, não é uma crise existêncial ou uma metamorfose cerebral que me está a baralhar as ideias. Não estou feliz!
Quero ir ao céu sem precisar de escadas. Quero que os que me rodeiam me acompanhem, não se acomodem, ou sou apenas eu que sou diferente?
Se calhar é só uma fase menos boa... vem aí a Primavera.

Até lá, vou pegar na guitarra.

Sunday, April 22, 2007

???

Dá - me música que me dás vida...




... mas falta qualquer coisa.

Não sei.

Saturday, April 07, 2007

As Cores da Vida

Um dia de trabalho igual a tantos outros, cansado, saturado, claustrofóbico numa jaula onde pequenos seres vagueiam de um lado para o outro. Uma pequena pausa... uma criança escondida atrás de um pilar, aparece de um lado, depois do outro, de um lado e depois do outro, desta vez um pouco mais abaixo, sempre a sorrir enquanto eu o acompanho com o olhar. Parecia querer - se esconder enquanto eu o teria que encontar. Ali, expontaneamente, nasce uma brincadeira e um sorriso...
Uma família com uma criança deficiente, óculos fundo de garrafão e olhar incerto. "Parece que vai ter companhia o resto do dia". Engraçou comigo a cachopa, não queria ir embora, despede - se com um breve acenar de mão e um tímido sorriso...
A vida vai muito além das aparências e são pequenos gestos como estes que lhe dão cor.

Estaremos nós a aproveitar o que a vida nos dá?

Friday, March 23, 2007

"É POR ONDE, PERES?"

Hoje foi um dia fora do vulgar. Meia dúzia de pintas vaguearam por Lisboa, entre brincadeiras e asneiradas deu para passar uns bons minutos a chorar a rir como nunca.
Os pormenores ficam para quem os viveu.

Pelo menos tenho amigos parvos para me alegrar. Viva a amizade!

Saturday, March 03, 2007

Um Pouco de Nada

Acordo nas mágoas passadas, do idoso quase senil
Sinto as marcas da saudade, mas não choro.
Vejo as feridas da vergonha, por detrás da discriminação
Sinto a dor da doença, mas não choro.
Canto aos que sangram do coração, presos na teia do amor
Sinto o negro da solidão, mas não choro.
Acalmo as ondas do suor, que reclamam o rosto do atleta
Sinto o gosto da derrota, mas não choro.
Mergulho na lágrima do pai, que vê o filho partir
Sinto o medo da guerra, mas não choro.
Vejo famílias destruídas, despedaçadas sob efeitos de pólvora
Sinto o cheiro da morte, mas não choro.
Oiço as crianças lá fora, seus estômagos gritam por ajuda
Sinto a angústia da fome, mas não choro.
Parto com os refugiados, que buscam uma vida melhor
Sinto a perca da fé, mas não choro.
Falo a quem não compreende, oiço quem nada quer mudar
Sinto o sabor da corrupção, mas não choro.
Esqueço que o mundo existe, calo o grito da revolta
Ao som de uma canção, choro, choro, choro…

Friday, February 23, 2007

Zeca Afonso feat Valete

No dia em que faz 20 anos após a morte de José Afonso, deixo um pequeno comentário de carinho por este senhor, que prima pela simplicidade das suas músicas e principalmente pelas mensagens que nelas transmite.
Músicas interventivas que apontam o dedo ao que está errado, que acusam os culpados, que absolvem os inocentes, que deixam a última palavra a quem realmente a merece: o povo.
Olho para hoje e vejo que tenho uma democracia que me deixa livre. Mas até que ponto?
Não querendo falar de política para não ficar já com dores de cabeça, vou - vos então dar a conhecer outro senhor, do qual não sou grande apreciador do estilo, mas que tem uma música tão interventiva que leva esta expressão para perto de um orgasmo utópico. Com uma interpretação forte e uma mensagem do outro mundo, (não interessa as suas ideologias) a música "Anti - Herói" diz tudo e ainda mais.
As músicas de intervenção revelam o que a hipocrisia quer esconder.
Faz falta um Zeca Afonso por estas bandas.

Vamos, coragem, chegou o momento
De preparar os nossos argumentos

Não tenhamos medo
São nossos amigos

São os nossos filhos,
Os nossos irmãos
Os nossos pais, diz a criança
Já estão a dobrar a rua
Lá vêm eles

"Lá vêm os nossos soldados"
José Afonso

Monday, February 19, 2007

Wednesday, February 14, 2007

Teoria de Supermercado

Por experiência própria, posso comprovar que algumas questões sociais podem ser estudadas através de uma caixa de... Supermercado. Não acreditam?
Numa altura em que se diz que entrámos no séc. XXI com a despenalização do IVG, (não resisti a dar a facadinha) não deixa de ser curioso que em aproximadamente 80% dos casos é a mulher que ensaca as compras. Aliás, muitas vezes é a mulher que coloca as compras no tapete e vai à outra ponta ensacá - las, enquanto o homem "segura" o carrinho.
A situação em si é hilariante e resume - se a: A fêmea trabalha e o macho paga.
Mais pormenorizadamente, durante todo este processo o homem muitas vezes coloca - se sobre a caixa, enquanto o operador passa os produtos, a verificar os preços e a mulher... a ensacar. No final quando se dá o pagamento, o homem chega - se à frente num ápice e com uma postura de "O grande Rei da Selva", de queixo levantado, voz grossa e olhar altivo, entregando o cartão entre o dedo indicador e o médio e a mulher... a ensacar.
Felizmente este é um comentário sarcástico e de exagero, pois principalmente entre os casais mais jovens existe uma divisão de tarefas, o que não invalida a sua veracidade.
Mas numa altura em que existem publicidades a automóveis, em que o homem vai devolver a mulher aos pais depois de a "experimentar" e em que existe um Ok Teleseguro Mulher! nada descriminatório, (será que vão inventar um Ok Pretos! ou Ok Ciganos?) eu pergunto...

Vocês andam aqui a dormir???

Se há igualdade (e eu espero que sim) por favor não aceitem este tipo de provocações, é só pensarem um bocadinho.

P.S - Este comentário foi escrito por um homem.

Tuesday, February 13, 2007

Ganhou o sim!

Agora sinto que estou num país desenvolvido... com a vinda de tecnologia espanhola especializada em praticar abortos.
Três clínicas já construídas em Portugal e ainda não se sabia o resultado do referendo. Quais abutres em busca de dinheiro e sangue.


Espero num futuro próximo poder dizer que estava errado.

Monday, February 05, 2007

Bom Senso

«Concorda com a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, se realizada, por opção da mulher nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?»




Não, obrigado.

Monday, January 22, 2007

Uma questão de... Charysma

Era uma vez um menino que gostava muito de música, e então cantava em casa, na escola, no balneário, na rua, até na casa da vizinha. Era o rouxinol lá do bairro. Até que um dia conheceu outro menino que gostava muito de música, tinha especial apetência para as cordas. Não, não era marinheiro, nem sequer sabia dar o nó nos atacadores, mas tinha jeito para a guitarra. O Clapton de Ponte de Sôr.
Mais tarde apareceu outro menino, que quando nasceu levou uma palmadinha no rabo e não gostou, então resolveu que nunca mais iria parar de crescer e que batia em tudo que fizesse barulho. Resultado, tornou - se num baterista de 2m de altura.
Enquanto não aparece outro menino com trauma de infância que veja a música como única saída para a felicidade, estes rapazinhos juntaram - se e resolveram fazer aquilo que mais gostam na vida: barulho na casa do outro. Mas sempre com muito... "Charysma".

Sem nomes, sem fotos, apenas música!
Novidades para breve.

Monday, January 15, 2007

Expoente máximo da nossa sociedade

Já tem algum tempo mas é sem dúvida uma pérola da imprensa nacional...

Johannes Gensfleisch Zur Laden Zum Gutenberg. Nascido em 1398. Presume – se que tenha falecido a 3 de Fevereiro de 1468. Um operário metalúrgico e inventor alemão, a quem se deve, na década de 1440, a invenção da imprensa. O poder da criação de Gutenberg seria demonstrado em 1455, ano em que o inventor editaria a famosa Bíblia em dois volumes.

Sim, a Bíblia de Gutenberg tornou-se num marco notável na História das palavras impressas. Até ao passado fim-de-semana.

No passado fim-de-semana, o semanário português O INDEPENDENTE publicou, discretamente, no seu suplemento VIDA, uma coluna de opinião da autoria de Catarina Jardim. Quem é Catarina Jardim? Nada mais, nada menos do que a popular Pimpinha Jardim. Que fica desde já a ganhar a Gutenberg neste ponto Gutenberg não tinha nenhum nome de mimo. Ele era capaz de gostar de ter um nome de mimo - não deve ser fácil ser Johannes Gensfleisch ZurLaden Zum Gutenberg - mas creio que ainda não era muito comum, na Alemanha do século XV, atribuirem-se nomes de mimo. Muita sorte se alguma das namoradas lhe chamou alguma vez JOGU, o único diminutivo aceitável de Johannes Gutenberg.
E mesmo assim não é muito aceitável, porque soa demasiado próximo a iogurte, e isso é uma indústria completamente diferente daquela na qual Gutenberg se movia.

Voltemos então a Catarina Jardim e à sua coluna no jornal. O título do artigo é TODOS A BORDO, e trata-se - como o nome indica - de um relato detalhado sobre um cruzeiro a África que a jovem fez.

Ela diz, no início "O cruzeiro a África foi uma loucura, pode mesmo dizer-se que foi o cruzeiro das festas - como alguns dos convidados chamavam ao navio em que Luís Evaristo nos presenteou com MAIS UM BeOne on Board". Gosto da maneira como ela fala, sem explicações nem perdas de tempo, de pessoas e iniciativas sobre as quais boa parte dos leitores não faz a mínima ideia quem sejam ou no que consistem. Nada contra - isto faz com que qualquer leitor se sinta cúmplice e rapidamente imerso no universo Pimpinha.
Adiante.

Ficamos a saber que ela esteve em Tânger, e que a experiência foi, possivelmente a mais marcante da vida desta jovem. Passo a ler o que ela escreve: "Tânger é bastante feia, muito suja e as pessoas têm um aspecto assustador."
Nunca fui a Tânger, mas já fui a sítios parecidos e subscrevo inteiramente as palavras de Pimpinha. Malditas pessoas pobres, que só estragam o nosso planeta com a sua sujidade e o seu ar assustador! É preciso ser-se mesmo ruim para se escolher ser pobre, quando se pode ser tão limpo e bonito. Quando se pode ser, em suma, rico.

Eu penso que a Pimpinha acertou em cheio na raiz de todos os problemas mundiais da pobreza. Andam entidades a partir a cabeça em todo o mundo a pensar nisto, andou a Princesa Diana a gastar tantas solas de sapatos caros a visitar hospitais, capaz de apanhar uma doença, quando nós temos a Pimpinha com a solução. Se calhar basta lavar estas pessoas, e talvez - acompanhem-me neste raciocínio; Pimpinha vai ficar orgulhosa de mim - se calhar basta lavar estas pessoas, e em vez de gastar rios de dinheiro a mandar comida para África, porque não os Médicos Sem Fronteiras passarem a andar munidos de botox. Botox! Reparem: não é fazer cirurgias plásticas a toda esta gente feia que vive nestes países, porque isso seria demais. Mas, que diabo - botox? Vão-me dizer que não é possível ir de vez em quando a estes sítios e dar botox a estas pobres almas? Como o mundo ficaria mais bonito.

Adiante. Pimpinha desabafa, dizendo, sobre as pessoas de Marrocos, "apesar de já ter viajado muito, nunca tinha visto uma cultura assim - e sendo eu loura, não me senti nada segura ou confortável na cidade". Talvez. Mas vamos supor que trocavam Pimpinha por, vamos supor, 10 mil camelos. Era um bom negócio para o Independente. Dos 10 mil, escolhia, vamos lá, 2 para passar a escrever a coluna - o que poderia trazer melhorias significativas de qualidade - e ainda ficava com 9 mil 998. O que, tendo em conta que Portugal está a ficar um deserto, pode vir a revelar-se um investimento de futuro.
Pimpinha prossegue: "Já em segurança, animou-me a festa marroquina, com toda a gente trajada a rigor". Suponho que, para a Pimpinha Jardim, "uma festa marroquina com toda a gente trajada a rigor", tenha sido assim tipo uma festa de Halloween, tendo em conta que os marroquinos são - como a colunista diz umas linhas acima - gente feia como nunca se viu.
Adiante. Ela diz: "A seguir ao jantar, mais um festão que voltou a acabar de madrugada". Calma - esclareçam-me só neste aspecto, para eu não me perder.
Portanto, houve uma festa, não é? E a seguir, outra festa. OK.
Uma pessoa corre o risco de se perder nestes cruzeiros, com toda esta variedade de coisas que acontecem.
Diz Pimpinha: "Desta vez não deu mesmo para dormir já que fomos expulsos dos camarotes às 9 da manhã, para só conseguirmos sair do navio lá para as 14 horas. Tudo porque um marroquino se infiltrara no barco e passara uma noite em grande, uma quebra inadmissível na segurança".
Ora bom. Ora bom, ora bom, ora bom, ora bom.
Portanto, aqui a questão é: viagens a Marrocos e festas com pessoas vestidas de marroquinos, tudo bem. Agora, se pudessem NÃO ESTAR LÁ os marroquinos, isso é que era jeitoso. Malditos marroquinos, sempre com a mania de estarem em Marrocos. E como é que acontece esta quebra de segurança? Eu compreendo o drama de Pimpinha. É que o facto da segurança deixar entrar um estafermo marroquino vestido de marroquino, numa festa com gente bonita vestida de marroquina, isso só vem provar que, se calhar, os amigos da Pimpinha não são assim tão mais bonitos do que essa gente feia de Marrocos. E isso é coisa para deixar uma pessoa deprimida.

Temos nós a nossa visão do mundo tão certinha e de repente aparece um marroquino e uma brecha na segurança... Enfim - nada que uma ida às compras não resolva, ao chegar a Lisboa, certo, Pimpinha?

Adiante. Diz Pimpinha: "Já cá fora esperava-nos um grupo de policias com cães, para se certificarem de que ninguém vinha carregado de mercadorias ilegais - e não sei como é que, depois de tantos avisos da organização, ainda houve quem fosse apanhado com droga na mala!"
DROGA? NUMA FESTA DO JET SET PORTUGUÊS? NÃO! COMO? NÃO. Recuso-me a acreditar. Deve ter sido confusão, Pimpinha. Era oregãos. Era especiarias.
Pimpinha Jardim declara: "Mas o saldo foi bastante positivo. Aliás, devia haver mais gente a arriscar fazer eventos como estes".
Gosto desta Pimpinha interventiva. Sim senhor, diga tudo o que tem a dizer.
Faça estremecer o mundo. E com assuntos que valham a pena. Aliás, era capaz de ser uma boa ideia escrever um e-mail ao Bob Geldof a tentar fazê-lo ver que essa história de organizar concertos para combater a pobreza em África... Para quê? Geldof devia começar era a organizar concertos para chamar a atenção do mundo para a falta de cruzeiros com festas. Isso é que era. Mania das prioridades trocadas. Que maçada.
Mesmo no final, a colunista remata dizendo: "Devia haver mais gente a arriscar fazer eventos como estes - já estamos todos fartos dos lançamentos,"cocktails" e festas em terra".
Aprecio aqui duas coisas: a utilização do "já estamos todos", como se Pimpinha voltasse a acolher o leitor no seu regaço como que dizendo: "Sim, tu és dos meus e também estás farto de lançamentos, 'cocktails' e festas em terra. Excepto se fores marroquino, leitor. Se for esse o caso, por favor, exclui-te deste 'todos' ou então vai tomar banho antes, e logo se vê".
Depois, é refrescante saber que Pimpinha está farta de lançamentos, 'cocktails' e festas. Eu julgava que nos últimos dias a tinha visto em cerca de 250 revistas em lançamentos, 'cocktails' e festas, mas devia ser outra pessoa. Só pode ser. Confusões minhas.
Em suma: finalmente, há outra vez uma razão para ler O INDEPENDENTE todas as semanas. Tardou, mas não falhou. Pimpinha Jardim é a melhor aquisição que um jornal já fez em toda a História da Imprensa mundial.

Por Nuno Markl


P.S Consta que esta menina estuda na Universidade Católica no curso de Ciências da Comunicação.
Uffff... e eu a julgar que o jornalismo estava a perder qualidades.

Tuesday, January 02, 2007

Ainda bem que é assim

Tira esse rabo preguiçoso da cama que o dia vai começar...
Veste rápido que o tempo passa, corre como tu, para apanhares o transporte, uma escorregadela imprevista... mas suave, ninguém reparou! O céu fica escuro, primeiras pingas no nariz, aperta o casaco que o vento chega, tens que encaixar o fecho, lá em baixo, isso... Depressa levanta a cabeça!?!?! CROUCH!!! Tarde de mais. Ajuda a senhora a apanhar as compras. "que olhos lindos" pensa ela, "que belas pernas" pensas tu, não há tempo olha o transporte!!! Corre que o motorista não espera, já o tás a ver, entrou a última pessoa, tá quase... Chegaste!!! O merecido descanço, boa viagem.

...

...

"Atchim!!!"

"Snif, snif..."

Encosta a cabeça, fecha a boca, desliga o mp3 que está a gastar.

...

Acorda!!! É aqui que sais. Despacha - te, tens que ir comer, escolhe o da ponta, o que tem mais creme. Sentar??? Nem penses! Atravessa a estrada, um cão ladra para ti, não ligues, "apróxima se", acelera o passo, "está cada vez mais perto", tem calma, "já lhe vejo os dentes", corre sem olhar para trás!!! Deixaste cair o bolo, não faz mal ele come - o, tu ficas inteiro. Começa a chover, mais e mais, cada vez mais, os ténis sujos de lama, a água a escorrer pela cara, toca o telemóvel, não atendas!!!! Boa... não faz mal, esperas pelo próximo Natal.
Chegaste!! Abre a porta, segue o corredor, pede desculpa a quem empurraste, pingaste ou desviaste, mantém a cabeça firme, os olhos abertos, o coração acelera, a adrenalina sobe, a música já toca, as atenções concentram - se em ti, quando de repente!!! Começas a abrandar... Que estranho... Tanta pressa e agora isto!
Quando te apercebes estás na porra de um filme. Quando estás a conseguir o objectivo resolvem pôr tudo em câmara lenta. "É mais melodramático" dizem eles. Só tens tempo para pensar... F******!!!
Dez segundos depois de correres contra a "corrente", consegues o merecido beijo. Vá lá, é um filme romântico, com final feliz. Podias acabar com uma lapiseira a perfurar - te o cérebro, ou a assistir um episódio de Morangos com Açucar.

Ainda bem que a vida não é um filme, tem mais piada.