Saturday, June 15, 2013

Um Por Todos, É Apenas Um

Como cidadão atento, não deixo de me interessar e demonstrar preocupação com alguns assuntos que têm vindo a público, com maior ou menor clarividência, referentes ao estado de governação interesseira no nosso país.
Recentemente, tivemos conhecimento através de declarações do próprio Ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, que quando o seu anterior secretário de estado da energia saiu, teve um dos principais presidentes das produtoras de energia eléctrica em Portugal a telefonar para várias pessoas, a celebrar com champanhe.
A pessoa em causa é o Sr. ex - secretário de estado Henrique Gomes. Parece que este senhor realmente queria governar com imparcialidade e justiça, defendendo os reais interesses do estado, motivo pelo qual foi prontamente "encostado". Em suma, Henrique Gomes provou que se andam a pagar à conta do estado, rendas excessivas e insustentáveis à EDP. Apesar da EDP ter um volume de negócios bastante superior lá fora do que em Portugal, a verdade é que o mercado português é o mais rentável, visto que as rendas atingem valores absurdos em comparação a outros países em que a EDP tem negócios.
Só para terem uma ideia, segundo o relatório de Henrique Gomes, nos Estados Unidos a EDP Renováveis concentra cerca de 38% do seu volume de negócios com uma rentabilidade de 0,6%. Em Portugal a rentabilidade de capitais próprios é de 46%!!! Valores cobrados a todos nós de forma ilegal.
Quando o próprio Ministro da Economia vem a público afirmar que se festeja com champanhe quando o seu governo não tem capacidade de fazer frente aos grandes grupos económicos, torna-se claro que não são as pessoas que geram governação, mas sim um sistema complexo e muito bem montado que impossibilita alternativas de combate ao lóbi em prol dos interesses maiores do estado. Ou seja, o estado é uma espécie de peixe grande que se alimenta dos peixes pequenos e que à posteriori serve de refeição aos grandes tubarões.
Ao ter conhecimento destes factos, como cidadão, sinto-me um lixo. Afinal a S&P tem razão. Não consigo encaixar a ideia de cada vez existirem mais dificuldades, de cada vez exigirem mais sacrifícios alegando motivos excepcionais que levam a medidas extremas. Mas para quem tem o poder, o verdadeiro poder, tais medidas revelam-se de excepção, mas para o seu não cumprimento.