Tuesday, December 29, 2015

Sushic Pouco Chique

Considerando o título de segundo melhor restaurante de sushi fora do Japão e sendo um grande apreciador de sushi à muitos anos, não poderia deixar de visitar o Suchic em Almada, que conquistou uma reputação invejável à conta da avaliação feita por utilizadores do TripAdvisor. E que melhor altura para o fazer, do que ainda antes do final do ano?
E assim foi. Confesso que ía com as expectativas demasiado elevadas, quando me deparei com o espaço. Apesar de ser simpático e acolhedor, esperava algo mais cativante. No entanto, estava ali para apreciar sushi e não dei grande importância a esse facto.
Quando chegamos recebemos um atendimento personalizado e uma espécie de recepção de boas vindas por parte do staff do restaurante. Até aqui tudo bem, até porque os primeiros pratos chegaram depressa e sim, é bom. Muito bom. A qualidade está lá e é inquestionável, tudo cheira a fresco, com boa apresentação e fica a sensação de uma explosão de sabores dentro da boca em algumas das iguarias que provei. No entanto, não notei uma grande diferença comparativamente a outros espaços que visitei.
Com o passar do tempo aquela que à partida estava a ser uma boa experiência começou a deteriorar-se. A casa encheu-se de clientes e aguardei cerca de 15 minutos para que me dessem novamente a carta para um novo pedido. Fiquei com a sensação de preferência no atendimento às mesas com mais clientes ou que apresentavam ser "clientes da casa" em detrimento dos restantes. Desde o momento em que fiz o pedido até ser servido demorou cerca de meia hora. Reparei que ficou esquecido...
O que também se revelou incomodativo era o número de funcionários relativamente às dimensões do espaço. Era demasiada gente em pé de um lado para o outro revelando alguma desorganização. A certo ponto, um senhor mais velho, bem apresentado, (dava a sensação de ser o proprietário ou gerente) verificava os registos e pressionava os sushimans a fazerem o seu serviço, pegando posteriormente nos pratos e distribuindo pelos funcionários como se estivesse a interferir e dar um "corretivo" no seu serviço. Chegou a dar um encosto numa funcionária, "Deixa estar que eu levo." disse.
Cheguei a um ponto em que toda a minha atenção centrava-se naquele frenesim constante, em vez de tentar sequer apreciar o que me levou a visitar o espaço. O sushi.
No geral, acredito que foi uma experiência a não repetir. Por duas vezes senti vontade de sair porque me senti incomodado com o que estava a presenciar e com o tempo de espera, enquanto outras mesas eram servidas repetidamente. Quanto ao sushi creio que faz juz à fama. Mas como sou da opinião que a comida aprecia-se com todos os sentidos, irei optar por uma alternativa nas próximas sushi experiences.

Monday, August 10, 2015

A Cura do Dinheiro

Tenho amigos que me dizem que sou o senhor das teorias da conspiração. Por vezes posso parecer exagerado e não ler correctamente nas entrelinhas, embora desconfie que algo esteja por detrás de um acontecimento, uma opinião ou uma decisão que muitas vezes acredito terem segundas intensões. Na maioria das vezes permaneço na ignorância, mas a verdade é que acredito ter um dedinho que adivinha e que me deixa com a pulga atrás da orelha. Basta um olhar, uma palavra descontextualizada, uma expressão facial, ou uma mensagem preparada com o intuito de gerar opinião que não corresponde à realidade. E acredito, claro está, que este tipo de manipulações não existe apenas no nosso dia a dia, mas também à escala mundial.
Em 2013 começamos a ter as primeiras notícias do Ébola (aquela doença de quem já ninguém se lembra mas que matou milhares de pessoas) e o pânico embora aparentemente controlado, instalou-se a um nível assombroso. A maioria das vítimas foram africanos. Aqueles seres escuros que passam dificuldades miseráveis, mas que vivem muito longe, por isso sentimos pena por alguns segundos e depois esquecemo-nos... E que melhor exemplo do que a comunicação social para acentuar esta ideia? Foram dezenas de notícias de aberturas de jornais, de suspeitas da presença do Ébola, nos EUA, na Ásia, na Europa. Qualquer constipação que apresentasse sintomas mais graves, podia ser ébola e isso, era notícia. Em África morriam aos milhares, mas poucos se pareciam interessar. Estavam muito longe.
Curioso foi, esta doença que se encontrava extinta, surgir de um dia para o outro em África, e ninguém sabe muito bem como nem porquê. Curioso também, é que no prazo de pouco mais de um ano, surge agora notícia de que foi encontrada uma vacina contra o vírus, 100% eficaz! E que conveniente, lembraram-se de experimentar esta cura milagrosa nos escurinhos que vivem lá muito longe. Dá que pensar, não?
Resumindo. Uma doença mortífera, em situação controlada, propaga-se de repente sem explicação plausível, mata milhares de pessoas na maioria africanos, gera-se um pânico geral, mas não muito, porque quem sofreu foram os pobres coitados que não têm lugar nas notícias, a epidemia é controlada e num espaço de um ano surge uma vacina milagrosa, testada em países Africanos para não ferir suscetibilidades e sensibilizar a opinião pública. E agora?
Quem vai financiar as farmaceuticas para produção e distribuição das vacinas? Quem vai comprar as vacinas? E quem não as poder comprar, irá pedir emprestado e sujeitar-se a uma dívida? Quem serão os credores?
São estas entre outras questões que provavelmente ficarão sem resposta. Mas o meu dedinho que adivinha, diz me que talvez estas mortes não tenham sido em vão. Que talvez esta cura não tenha sido descoberta agora. E que um bem maior, justifica o mal menor. O maior interesse do negócio à escala global das farmacêuticas, e o mal menor que são as vidas dos escurinhos, aqueles que vivem lá longe.

Tuesday, May 19, 2015

Polícias - O Álibi de Uma Sociedade Apodrecida

O Benfica conquistou mais um título Nacional, e como vai sendo habitual nestas ocasiões, milhares de pessoas deslocaram-se ao Marquês de Pombal para as respectivas celebrações. O que muitos não estariam à espera, é que os festejos dessem origem a uma lamentável onda de violência.
Já antes do início do jogo VSC - SLB, existiram alguns confrontos entre adeptos nas imediações do estádio D. Afonso Henriques, no entanto, foi depois do apito final que se deu o episódio que vai dominando a opinião pública nos últimos dias. Uma câmara captou o momento em que um elemento da PSP agrediu aparentemente de forma desproporcional, um adepto benfiquista junto à sua família, onde se encontravam crianças menores. Esta situação originou uma onda de indignação e comentários no mínimo desonrosos por parte de milhares de pessoas para com as Forças de Segurança.
Independentemente de qual tenha sido o comportamento do elemento Policial, o mesmo com certeza terá que ser responsabilizado por isso. O que me custa mais a digerir, é o julgamento mediático em praça pública feito pela comunicação social, onde se crucifica um homem, que apesar dos seus erros, continua a ser um cidadão com direito ao mínimo de respeito e dignidade.
Não querendo de forma alguma encontrar qualquer justificação ou tirar partido sobre o sucedido, eis que surgem imagens de outro episódio lamentável que ocorreu no interior do estádio. Um grupo de pessoas invadiu o armazém do VSC e furtou quase a totalidade dos artigos aí existentes. Mas para surpresa de alguns, onde eu me incluo, as pessoas que aparecem nas imagens, não são os animais violentos pertencentes a claques, ou grupos de arruaceiros com propósitos de caos e destruição. É perfeitamente visível (apesar das faces desfocadas por parte da comunicação social, ao contrário do que fizeram no caso da agressão pela PSP) que os que praticaram o delito são pessoas normais, aparentemente "de bem", dos 8 aos 80 anos, jovens casais, pais e mães de família, avôs, que sorriem, enquanto com toda a calma e descontracção aproveitam-se da situação para levar à borla umas prendinhas lá para casa. Quem não participou, ficou a assistir impávido e sereno aquele cenário desconcertante, sem reagir, nem ao menos censurar o que ali se estava a passar. Aliás, em muitos dos comentários a que assisti, pude ler algumas opiniões do género: "Se eu lá estivesse faria o mesmo".
Voltando ao início do texto, durante a celebração da conquista do título por parte do SLB, um grupo de indivíduos deu origem a uma batalha campal, com arremessos de pedras e garrafas, pondo em perigo milhares de pessoas que ali se encontravam. A PSP reagiu, e embora aparentemente de forma algo descoordenada, o momento mais censurável por parte da comunicação social, foi o gesto obsceno realizado por um elemento dessa Força.
Face a todos estes acontecimentos, e aos elementos a que a comunicação social e por conseguinte a população em geral, dão prioridade para uma opinião critica e censurável, fico extremamente preocupado com o estado da nossa sociedade.
Antes de mais, é preocupante verificar quanto ténue é a linha entre a paz social e o estado de desordem e caos. Vivemos num equilíbrio quase forçado por leis e regras, que se aparentemente não existissem, não teríamos capacidade para coexistir.
Esqueçam a crise económico-financeira. A verdadeira crise dos nossos tempos é a Crise de Valores. Onde as pessoas não olham a meios para conseguir os seus objectivos, não respeitam o próximo, julgam de ânimo leve e não têm ou fingem não ter, capacidade para reconhecer os seus erros.
A comunicação social e opinião pública andam virados do avesso. Neste exemplo específico, julgam um homem em praça pública, divulgam o seu nome, local de trabalho e até a sua morada, talvez não tanto pelo gesto que cometeu mas por aquilo que ele REPRESENTA, e isso é lamentável. O que vende não está correcto, generaliza, e as pessoas gostam de julgar, criticar, atacar de ânimo leve. Consigo encontrar muitas semelhanças entre estes comportamentos sociais de hoje, com os espectáculos de execução pública nos coliseus Romanos de outros tempos.
Recordo mais uma vez que não pretendo com este comentário desculpabilizar ninguém pelos seus actos. Apenas apelo a uma reflexão mais ponderada em torno destes episódios. Não nos podemos alhear do facto, de assistirmos ao roubo consumado em grupo por cidadãos comuns e de episódios de violência gratuita iniciados por indivíduos com instintos animalescos, que se não fosse a intervenção das Forças de Segurança teriam repercussões bem mais graves.
Para terminar, lamento que exista sempre alguém presente para questionar ou pôr em causa as acções das Forças de Segurança, com direito a aparições mediáticas, e que o mesmo não aconteça quando assistem a episódios de furtos, roubos, ou situações de violência por parte de outros cidadãos, como foi o caso. A sociedade não seria muito melhor se fossemos todos um pouco Polícias?
É muito fácil atirar a primeira pedra, mas o que consigo assimilar desta vaga de acontecimentos, é que aqueles que o fazem, normalmente andam carregados com elas às costas.

Tuesday, March 31, 2015

Devaneio do Ingénuo

A culpa é tua
De não seres chamado,
Ouvido pelos outros
Acorrentado te encontras
Entre abraços de onças
E camafeus deslumbrantes.

O sonho era teu
Mas o Mundo não deu,
Vigarista de primeira
Perdeu a estribeira
Deu pontapé de perna inteira,
Um real chuto no cú!

Afinal o que és?
O futuro mudou
E o passado já deu,
Rogado e trocado
Por meia dúzia de tostado
Abandonado ao acaso.

Acorda bandido!
Teu ar destemido
Tresloucado e arrependido
Outrora cuspido como tiro no pé.
Deixa-te de indignações,
O meu nome é trabalho e o teu qual é?

Bom dia minha gente
Com ar deficiente
Barrada de cores, postiço e formosura, ui ui...
Acordai para a vida como eu nunca o fiz,
Antes ser algo, por pouco que seja,
Que nem bem, nem mal, nem sombra de meretriz.



Sunday, March 01, 2015

Bem Servido

Como apreciador de boa gastronomia, decidi dar início à rubrica "Bem Servido", onde irei partilhar convosco esporadicamente, entre outras publicações, as minhas experiências como cliente no mundo da restauração, baseando-me acima de tudo, na variedade de cozinhas e sabores.
E para começar, nada melhor que falar de hambúrgueres. Associado a refeições fast-food durante largo tempo, hoje uma refeição de hambúrguer pode-se revelar num momento de puro prazer e degustação de um prato gourmet. E quando surge a possibilidade de se aliar uma refeição de qualidade à terra das minhas origens, então junta-se o útil ao agradável.
No bairro dos Fidalguinhos, algures entre a Baixa da Banheira e o Barreiro, nasceu a "Hamburgueria Fidalgo". Com aproximadamente um ano de existência e uma equipa jovem na frente de batalha, a verdade é que a "Hamburgueria Fidalgo", já conquistou o seu espaço e a sua fama persegue-a "além fronteiras".
O espaço é simpático e acolhedor, as cortinas e atoalhados padrão vermelho e branco dão-lhe um ar tradicional, e o quadro onde constam os menus escritos à mão ganha um lugar de destaque. Mas o clímax revela-se quando o prato chega à mesa. A apresentação revela critério e deixa água na boca, fazendo antever uma experiência agradável e deliciosa. As doses são bem distribuídas, com porções generosas que deixará saciado o maior dos comilões! As batatas fritas caseiras mergulhadas no molho de salsa e alho são o acompanhamento perfeito para um hambúrguer bem confeccionado mergulhado em ingredientes frescos e de qualidade.
Por se encontrar frequentemente com casa cheia, o serviço por vezes torna-se demorado, chegando a ser incómodo o tempo de espera enquanto o cheiro do cozinhado paira no ar e a fome aperta. No entanto, vale a pena esperar por este pequeno pecado, tão cheio de prazer e leve na carteira.
Bom apetite!

Apresentação: 8
Cozinha: 9
Serviço: 7
Localização: 8
Preço: 10

Avaliação: 8.4

Friday, January 30, 2015

Sócrates. Filósofo ou Impostor?

Sócrates. Creditado como um dos fundadores da filosofia ocidental. Um mestre idealista da filosofia antiga. Figura mítica Grega, que levou o seu nome a ser eternizado.
Sócrates. Político socialista Português. Ex-primeiro ministro. Acusado por crimes de fraude fiscal qualificada, corrupção e branqueamento de capitais.
João Araújo. Advogado de José Sócrates (ou o que dá a cara para os media), referiu numa entrevista televisiva que o grande responsável por o seu cliente estar a passar por esta situação complexa, é ele mesmo. Porque aprovou a lei.
Ou seja, com este tipo de raciocínio podemos calcular como funcionam algumas mentes ligadas ao direito e ao poder governamental. José Sócrates não está preso porque supostamente cometeu crimes de fraude fiscal, corrupção e branqueamento de capitais. Está preso porque aprovou leis que visam combater esses mesmos crimes. Então qual seria a solução mais lógica?  Não cometer este tipo de crimes ou de qualquer outro tipo. Certo? Errado... Segundo a linha de pensamento apresentada por estes senhores de fato e gravata, a resposta consiste em não aprovar leis que combatam os crimes. Assim, na eventualidade de virem a ser responsabilizados, nunca serão punidos, por uma lei que convenientemente não existe.
Sócrates, o José, também perdurará na História. E esperemos que a História nos presentei com mais casos semelhantes, com outros tantos "Sócrates" e adidos da Política nacional e do Mundo.
Como diria o saudoso José Hermano Saraiva, "E esta hein!?"