Monday, August 10, 2015

A Cura do Dinheiro

Tenho amigos que me dizem que sou o senhor das teorias da conspiração. Por vezes posso parecer exagerado e não ler correctamente nas entrelinhas, embora desconfie que algo esteja por detrás de um acontecimento, uma opinião ou uma decisão que muitas vezes acredito terem segundas intensões. Na maioria das vezes permaneço na ignorância, mas a verdade é que acredito ter um dedinho que adivinha e que me deixa com a pulga atrás da orelha. Basta um olhar, uma palavra descontextualizada, uma expressão facial, ou uma mensagem preparada com o intuito de gerar opinião que não corresponde à realidade. E acredito, claro está, que este tipo de manipulações não existe apenas no nosso dia a dia, mas também à escala mundial.
Em 2013 começamos a ter as primeiras notícias do Ébola (aquela doença de quem já ninguém se lembra mas que matou milhares de pessoas) e o pânico embora aparentemente controlado, instalou-se a um nível assombroso. A maioria das vítimas foram africanos. Aqueles seres escuros que passam dificuldades miseráveis, mas que vivem muito longe, por isso sentimos pena por alguns segundos e depois esquecemo-nos... E que melhor exemplo do que a comunicação social para acentuar esta ideia? Foram dezenas de notícias de aberturas de jornais, de suspeitas da presença do Ébola, nos EUA, na Ásia, na Europa. Qualquer constipação que apresentasse sintomas mais graves, podia ser ébola e isso, era notícia. Em África morriam aos milhares, mas poucos se pareciam interessar. Estavam muito longe.
Curioso foi, esta doença que se encontrava extinta, surgir de um dia para o outro em África, e ninguém sabe muito bem como nem porquê. Curioso também, é que no prazo de pouco mais de um ano, surge agora notícia de que foi encontrada uma vacina contra o vírus, 100% eficaz! E que conveniente, lembraram-se de experimentar esta cura milagrosa nos escurinhos que vivem lá muito longe. Dá que pensar, não?
Resumindo. Uma doença mortífera, em situação controlada, propaga-se de repente sem explicação plausível, mata milhares de pessoas na maioria africanos, gera-se um pânico geral, mas não muito, porque quem sofreu foram os pobres coitados que não têm lugar nas notícias, a epidemia é controlada e num espaço de um ano surge uma vacina milagrosa, testada em países Africanos para não ferir suscetibilidades e sensibilizar a opinião pública. E agora?
Quem vai financiar as farmaceuticas para produção e distribuição das vacinas? Quem vai comprar as vacinas? E quem não as poder comprar, irá pedir emprestado e sujeitar-se a uma dívida? Quem serão os credores?
São estas entre outras questões que provavelmente ficarão sem resposta. Mas o meu dedinho que adivinha, diz me que talvez estas mortes não tenham sido em vão. Que talvez esta cura não tenha sido descoberta agora. E que um bem maior, justifica o mal menor. O maior interesse do negócio à escala global das farmacêuticas, e o mal menor que são as vidas dos escurinhos, aqueles que vivem lá longe.

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