Friday, October 26, 2007

Feiticeira Lua


Hoje está lua cheia, disfarçada pela negridão das nuvens que teimam em passear lentamente por um céu que entretanto esquecera as estrelas.

No pequeno ecrã passou Munich pela tarde. Vingar guerra com guerra, só atrai mais guerra e a paz quem a vinga? É a guerra santa dizem eles, dizem todos. Pois para mim, só o simples facto da união das letras G-U-E-R-R-A poder ter um significado, não tem nada de santo.

E passou...

O deleito que um cigarro provoca num banco de jardim, enquanto uma suave brisa agita a gola do casaco e as últimas formigas recolhem a suas casas. Um momento de solidão que tem tanto de prazer como de assustador.

As palavras saem fluídas, sem pensamentos, qual Fernando Pessoa com o seu copinho de água ardente como companheiro. O lápis deu lugar a uma grande quantidade de botões e os dedos movem-se quase que irracionalmente. Já não há essência, não há arte, apenas reflexão.

A lua, essa, observa impávida e serena. O único farol que ilumina a escuridão deste mundo passa despercebido. Ninguém a vê, ninguém a sente, ninguém a recorda. Mas ela está sempre lá, impávida, serena, brilhante...




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