Sunday, December 30, 2007

Durante um cigarro

Hoje a noite está calma junto ao rio,
Vagueia sereno, reflecte apenas as luzes dos candeiros.
Alguém canta do outro lado, em tom desalinhado, frouxo.
Porém, é saudado por muitos que o esperavam
Efeitos do álcool…
Lá em baixo cardumes famintos espreitam à superfície,
Desejam-me boa noite e eu estou com eles.
O céu está limpo,
As nuvens adormeceram de trás das montanhas,
E as estrelas dão-se ao luxo de brilhar, vaidosas… Eu gosto!
Ao longe, o som de uma flauta insiste em fazer-se ouvir,
As notas perdidas, salteadas, unem se em busca de uma melodia.
Um pequeno cesto mantém-se pregado ao chão, vazio,
E o companheiro de estimação descansa ao relento,
Alheio à música embriagada.
Costuma-se dizer que quem canta seus males espanta,
Mas as pessoas não gostam de cantar.
Não querem,
Não sabem,
Ou têm vergonha,
Preferem refugiar-se no álcool.
Mas é precisamente quando se está bêbado que as verdades vêm ao de cima.
Então não há pensamentos,
Inibições,
Nem constrangimentos,
Nesses momentos… Todos querem cantar e todos cantam.

Todos cantam!

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