Tuesday, April 08, 2008

Gira o disco e toca o mesmo

Estranha sensação esta de inutilidade permanente. Um vazio de ideias, de projectos, de ambições. Aliás, a monotonia tornou-se tão monótona que ficou cravada no meu cérebro. Se nascesse agora diria a palavra "monotonia" antes da palavra "mãe".
Este próprio texto já se está a tornar monótono, tantas vezes é proferida a palavra monotonia.
Monotonias à parte (uff), como se torna complicado ser útil a nível escolar, estou a tentar sê-lo a nível de estudante preocupado com a instituição na qual estou inscrito como aluno.
Ora bem, decidi então tomar a iniciativa de tentar mobilizar os colegas para um alerta sobre as condições de organização da minha escola e reinvidicação de um ensino de qualidade. Só preciso de uma assinatura. No entanto, esperava dúvidas, sugestões, indignações, opiniões diferentes, incentivos, etc... mas, apenas obtive assinaturas (salvo raríssimas excepções).
Dito isto, começo a acreditar que esta "inutilidade" agrada à maioria dos meus colegas, que se contentam em aceitar a situação. Afinal, nem é assim tão mau ir almoçar e apanhar banhos de sol na escola...
Entretanto, vou lendo um livro ("O Sétimo Selo" de José Rodrigues dos Santos), vou pesquisando sobre o conflito do Tibete e reflectindo sobre estas questões.
Estive presente na última reunião do Conselho Geral do IPS onde entre vários pontos foi discutido o plano de actividades do IPS para 2008, chegado este momento, resolvi intervir fazendo algumas criticas no que diz respeito ao CIMOB e ao apoio a estudantes ERASMUS, (não vale fazer só publicidade quando depois não se tem capacidade para lidar com os problemas) bem como a esta fase de transição relativa ao processo de Bolonha (que não nos deixa de prejudicar, muito, muito, muito...)
Apesar de ter consciência de que não me consegui explicar da melhor forma - não é fácil falar sobre algo quando estamos rodeados de professores e presidentes de discurso perfeito e de postura "ameaçadora" - consegui captar a atenção de uns maus olhados bem perceptíveis. Confesso que criticar algo prestes a ser aprovado não foi fácil, um calor interior apoderou-se de mim e as palavras saíam trémules, mas também, só lancei mais uma vez o alerta para questões que muitas vezes não são discutidas. Normalmente são as que mais afectam os alunos...
No final, o Presidente do Conselho Executivo, entre outros assuntos, confessou estar satisfeito que um representante dos alunos da ESE estivesse nesta reunião, coisa que já não vía há muito tempo (nota para o facto de que não pude estar presente por motivo de participação no programam ERASMUS). Sejam estas palavras verdadeiras ou não, levaram-me a reflectir de novo, bem como, o que li num outro blog (Estefanilho) em que os posts de esclarecimento e alerta para os problemas do ensino são comtemplados com meia dúzia de comentários e os relacionados com festas têm 20, 30, 40...???
Isto leva-me a pensar que afinal apenas temos o que merecemos, porque se não pedimos mais é porque não queremos e não basta pedir, é preciso AGIR!
Não sei se vale a pena um grupo de pessoas querer algo, quando todos os outros se contentam com a ignorancia e ausência de espírito crítico.
Espero que estas palavras ao menos sirvam para reflectir... Afinal estamos todos no mesmo barco.

2 comments:

Nathália Barra. said...

Mais uma vez estou aqui para contemplar seu ótimo texto, e para dividir com você também a minha revolta...Agente luta, luta, luta, mas raríssimas vezes vemos algum resultado..Quantas injustiças meu caro..Quantas tragédias, e decepções diárias, que poderiam ser solucionadas com apenas uma coisa: Educação de qualidade. Mas é uma pena que a maioria das pessoas não percebam isso, e achem o máximo serem alienadas e conformadas com a situação em que vivem..!
Mas o que me "acalma" é saber que assim como eu, ainda existem pessoas inconformadas e com sede de mudança..A saída é fazermos nossa parte, e ir dia a dia, buscando novas melhorias, já que infelizmente, uma andorinha sozinha, não faz verão! :/
Mas..Desistir jamais! =D
Boa Noite!
Abraço!

Anonymous said...

Clap Clap Miguel, não podia estar mais de acordo com alguns pontos que referes. Enquanto se discutem futilidades e quadrilhices, vemos os assuntos mais importantes para o nosso percurso académico passarem ao lado e vemos que poucos são os que têm uma palavra a dizer ou uma acção para lutar contra a monotonia e o tédio em que a nossa escola se vai tornando. Não deixamos de ter culpa, todos nós, por ter deixado que isto chegasse aonde chegou, mas pior será nada fazer. É de louvar a iniciativa que tiveste e que espero seja uma pedrada no charco. Temos de nos habituar a exigir, a discutir/debater, a lutar pelos nossos interesses. Não teremos necessariamente de partilhar a mesma opinião, mas devemos ouvi-las, respeitá-las e debater o que juntos podemos fazer por um ensino e escola melhor. É de salutar o inconformismo e o espírito critico que vai florescendo para os lados da ESE. Quando quiseres debater estas e outras questões fora dos teclados, estás à vontade, sabes onde nos encontrar.

Um abraço
Um Estefanilho