Tuesday, October 07, 2008

Cravo Azul

Perco o instante da procura do desejo
Preso na voz que me causa mau estar
Danos morais intactos no espelho
Imagens falsas reflectidas no olhar

Palavras mágicas balançadas no teu leito
São incómodas para quem não quer ouvir
É cruel e está cravado no peito
Foge irmão, se não tens para onde ir

Como um cravo de espinhos azuis
Que fere a alma e derrama o sangue no chão
A verdade está a anos luz
Bem guardada na palma da tua mão

Marca a hora num relógio atrasado
De comer o milho dos pardais
Tudo é sonho e o comboio demorado
Gera o mel de corruptos habituais

Faz de conta que nada disto existe
Uma história que se deve esconder
Parte irmão que este mundo tu não viste
Vai com a sorte de uma morte sem sofrer.

1 comment:

Anonymous said...

Descreve uma ideia complexa, mas muito bem construída. Gostei muito, não só pela beleza das palavras, mas também pela complexidade, que nos faz pensar, ainda que se corra o risco de o pensamento não ser o mesmo do escritor.

Beijo