Wednesday, March 03, 2010

Abençoadas Campanhas

No seguimento do terramoto do Haiti e mais recentemente das cheias na Madeira, várias campanhas foram criadas de forma a auxiliarem na reconstrução de habitações e os mais sacrificados por estas tragédias.
No entanto, vou concentrar-me no caso português e no ciclo vicioso em que este tipo de iniciativas se podem tornar.
Não questionando, por uma única vez, a evidente solidariedade dos portugueses, a verdade é que este não passa de um sistema de improviso e corrida desenfreada em busca de contribuições. Bem mais objectivo, seria a criação de um fundo de apoio social em que as pessoas podessem doar durante todo o ano, os valores que quisessem segundo a responsabilidade social de cada um, das formas habituais, como tranferências bancárias, chamadas telefónicas, arredondamentos em compras de supermercado, etc. Este fundo serviria para uma resposta rápida a este tipo de situações e seria fruto directo da boa vontade da cada um. Aliás, estes valores poderiam também ser utilizados para matar a fome de muita gente que necessita e em construções de casas para sem abrigos, com respectivo acompanhamento de reincerção social e introdução no mercado de trabalho. O verdadeiro combate à pobreza. Em vez disso, continuamos à espera que as desgraças aconteçam para depois "sermos" solidários, intermediados por empresas públicas e privadas que rapidamente movem esforços para campanhas, que por outro lado, acabam por ser um excelente meio de puplicidade, tanto para a comunicação social, que mantém um assunto em voga durante muito mais tempo, como para as próprias empresas que vêem o seu nome associado a campanhas de solidariedade e que posteriormemte irão buscar o respectivo lucro.
Outra vantagem seria de que todos teriamos a certeza de qual a finalidade específica das contribuições de cada um, em vez de assistirmos a uma distribuição injusta dos frutos dos nossos descontos, com que tantas vezes não concordamos. Enquanto esta situação se mantiver, continuaremos a tapar o sol com a peneira, ficando sempre a suspeita de que alguém fica a ganhar com estas doações, tanto a nível monetário como a nível mediático.
É caso para dizer que a desgraça de uns se pode tornar na felicidade de outros.

1 comment:

Andreia Teixeira said...

Muito bem pensado*

Beijinho